Olá leitores e leitoras do blog enfermãe!!!
Hoje vamos falar de um dos problemas mais frequentes no período neonatal, que assusta muitos papais e mamães: a icterícia. Fisiológica (normal) ou patológica (doença), assusta do mesmo jeito. Só que além da explicação teremos o relato de uma mamãe, que é leitora do blog, que passou por este problema, para enriquecer mais ainda o post de hoje...
Foto da Clara na fototerapia, filhinha da Schirlei. |
Pra começar vamos ler um pouquinho do relato da experiência da mamãe Schirlei Soares Bittencourt, de como ela se sentiu e versão dela da situação que passou com a sua filhinha que teve icterícia:
"Quando o pediatra me mostrou meu bebê, percebi que era muito (vermelhinha), mas tudo bem, horas depois quando já estava recuperada da anestesia o médico foi conversar comigo e com meu esposo, perguntou nosso tipo de sangue e nos falou que o bebê precisava urgente ir pra incubadora fazer fototerapia, na hora não aceitei porque incubadora pra mim era coisa pra bebês doentes e prematuros. Foi então que o médico nos disse que precisava correr contra o tempo, pois nosso bebê tinha nascido com Bilirrubina precoce e avançada por incompatibilidade sanguínea ( se não começar o tratamento agora este bebê amanhã vai precisar fazer transfusão de sangue e no futuro pode viver em uma cadeira de rodas porque se aumentar se chegar ao nível 20 pode dar paralisia cerebral, seu bebê nasceu com nível 9.2 já está em 12, disse o pediatra). Meu desespero aumentou, na hora só pedia forças a Deus, então trouxeram a incubadora, vedaram os olhinhos do meu bebê e colocaram ela dentro, com a luz azul em cima do fígado, eu não podia ver aquela cena, tudo o que eu queria era ir pra casa com minha filhinha. Mas ali sentada na frente da incubadora eu fiquei 5 dias e 5 noites, tinha feito cesariana estava com muita dor, minhas pernas inchadas, mas a vontade de ver meu bebê curada era maior que tudo. Ela ficava fazendo fototerapia 24 horas por dia, tirava ela da incubadora só pra mamar e trocar fraldas. 48 horas depois o nível tinha baixado pra 9.0 e 72 horas depois baixou para 5.3. 5 dias depois o médico chegou satisfeito com a recuperação dela e nos liberou, foi uma felicidade só poder pegar no colo olhar bem nos olhinhos sem estar vendados chegar em casa. Hoje está com 22 dias está bem branquinha curada ainda toma banho de sol todas as manhãs e faz os exames de sangue pois segundo o pediatra alguns casos dá anemia."
(Relato de Schirlei em 04/09/13)
foto da Clara |
foto da Clara |
A icterícia não é uma doença tão fácil de ser explicada e compreendida pelas pessoas que não tem formação em saúde, mas vou tentar fazer uma explicação breve e simples, sem perder o perfil científico para vocês.
A icterícia corresponde à expressão clínica da hiperbilirrubinemia. Hiperbilirrubinemia é definida como a concentração sérica de bilirrubina indireta (BI) maior que 1,5mg/dL ou de bilirrubina direta (BD) maior que 1,5mg/dL, desde que esta represente mais que 10% do valor de bilirrubina total (BT). Ou seja, é uma alteração do metabolismo da bilirrubina, quando a bilirrubina está em maior quantidade no organismo do recém-nascido (RN), deixando a pele e mucosas do bebê mais amareladas.
Na prática, 98% dos RN apresentam níveis séricos de BI acima de 1mg/dL durante a primeira semana de vida, o que, na maioria das vezes, reflete a adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina. É a chamada hiperbilirrubinemia fisiológica (que é muito natural).
Por vezes, a hiperbilirrubinemia indireta decorre de um processo patológico (doença), podendo-se alcançar concentrações elevadas de bilirrubinas lesivas ao cérebro, instalando-se o quadro de encefalopatia bilirrubínica. O termo kernicterus é reservado à forma crônica da doença, com sequelas clínicas permanentes resultantes da toxicidade da bilirrubina.
As formas de terapia mais utilizadas no tratamento da hiperbilirrubinemia indireta compreendem a fototerapia e a exosanguineotransfusão.
Cuidados que a mamãe tem que tomar:
- Manter-se calma;
- Tirar todas as dúvidas com a equipe de saúde que está assistindo a mamãe e o bebê;
- Aceitar apoio da família;
- Começar a amamentar o mais cedo possível;
- Verificar se a distância do bebê e da lâmpada são de no mínimo 30 cm;
- Verificar de o olhinho está sempre tapado enquanto está com a lâmpada ligada;
- A troca do protetor ocular deve ser diária;
- Fixar protetor de olhos com elástico ou outro material que não seja fita colante, para não machucar a pele do bebê;
- Deixar o bebê só de fraldinha;
- Lavar sempre as mãos antes de pegar o bebê;
- Verificar sempre a temperatura do bebê, não pode estar frio e nem quente demais;
- Mudar a posição do bebê a cada 3 horas, para que a luz pegue em todo corpinho;
- A cor da urina pode estar mais escura devido efeito da fototerpia, não tem com que se preocupar;
- Não tem problema nenhum de tirar o bebê para amamentar, tomar banho e trocar as fraldas;
- Se seu bebê tiver diarréia, sinais de desidratação, a pele começar a ficar bronzeada ou vermelha demais, ou aparecer lesões, avise imediatamente a equipe de saúde e converse com o médico responsável.
E fiquem tranquilas mamães!!! Vai dar tudo certo!!! Beijinhos e até a próxima...
"Meu muito obrigada à leitora Schirlei Soares Bittencourt que colaborou com nosso post escrevendo sua história para nós... Beijos Schirlei e Clarinha!!!! "