01/10/2013

Icterícia ou "Amarelão" no recém-nascido. Com o relato da mamãe e leitora do blog: Schirlei Soares Bittencourt

Olá leitores e leitoras do blog enfermãe!!!

Hoje vamos falar de um dos problemas mais frequentes no período neonatal, que assusta muitos papais e mamães: a icterícia. Fisiológica (normal) ou patológica (doença), assusta do mesmo jeito. Só que além da explicação teremos o relato de uma mamãe, que é leitora do blog, que passou por este problema, para enriquecer mais ainda o post de hoje...

Foto da Clara na fototerapia, filhinha da Schirlei.

Pra começar vamos ler um pouquinho do relato da experiência da mamãe Schirlei Soares Bittencourt, de como ela se sentiu e versão dela da situação que passou com a sua filhinha que teve icterícia:

"Quando o pediatra me  mostrou  meu  bebê, percebi que era muito  (vermelhinha), mas tudo bem, horas  depois quando já estava recuperada da anestesia  o  médico  foi  conversar  comigo e  com meu esposo, perguntou  nosso  tipo  de sangue e nos  falou que  o  bebê precisava  urgente  ir pra incubadora fazer fototerapia, na hora não aceitei porque incubadora pra mim era coisa  pra bebês  doentes e  prematuros.  Foi  então  que o  médico nos disse que precisava  correr contra o tempo, pois nosso bebê tinha nascido  com  Bilirrubina precoce  e avançada por  incompatibilidade sanguínea ( se  não começar o  tratamento  agora este bebê  amanhã  vai precisar fazer  transfusão  de  sangue e no  futuro pode viver  em  uma  cadeira de  rodas porque  se  aumentar se  chegar ao  nível  20 pode  dar  paralisia  cerebral, seu  bebê  nasceu  com nível 9.2  já está  em 12, disse o pediatra). Meu  desespero aumentou, na hora  só pedia forças  a  Deus, então trouxeram  a incubadora, vedaram os  olhinhos do meu  bebê e   colocaram ela dentro, com  a  luz  azul em  cima  do fígado, eu não  podia  ver aquela  cena, tudo o que  eu  queria  era  ir  pra  casa com minha  filhinha. Mas  ali sentada  na frente da  incubadora eu fiquei 5 dias e  5 noites, tinha feito cesariana estava com  muita  dor, minhas  pernas  inchadas, mas  a  vontade de  ver meu bebê curada era maior  que tudo. Ela  ficava  fazendo  fototerapia  24  horas por dia, tirava ela da  incubadora só   pra  mamar e trocar  fraldas. 48  horas  depois o nível  tinha  baixado pra 9.0  e  72  horas  depois baixou  para  5.3.  5  dias  depois o médico chegou  satisfeito  com a  recuperação  dela e nos  liberou, foi  uma felicidade só poder  pegar  no  colo olhar  bem  nos olhinhos sem estar  vendados chegar em casa. Hoje  está  com  22 dias  está bem branquinha curada ainda toma  banho de  sol todas as manhãs e faz  os exames  de   sangue  pois segundo o pediatra alguns casos dá anemia." 
(Relato de Schirlei em 04/09/13)

foto da Clara

foto da Clara

A icterícia não é uma doença tão fácil de ser explicada e compreendida pelas pessoas que não tem formação em saúde, mas vou tentar fazer uma explicação breve e simples, sem perder o perfil científico para vocês.

A icterícia corresponde à expressão clínica da hiperbilirrubinemia. Hiperbilirrubinemia é definida como a concentração sérica de bilirrubina indireta (BI) maior que 1,5mg/dL ou de bilirrubina direta (BD) maior que 1,5mg/dL, desde que esta represente mais que 10% do valor de bilirrubina total (BT). Ou seja, é uma alteração do metabolismo da bilirrubina, quando a bilirrubina está em maior quantidade no organismo do recém-nascido (RN), deixando a pele e mucosas do bebê mais amareladas.

Na prática, 98% dos RN apresentam níveis séricos de BI acima de 1mg/dL durante a primeira semana de vida, o que, na maioria das vezes, reflete a adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina. É a chamada hiperbilirrubinemia fisiológica (que é muito natural). 

Por vezes, a hiperbilirrubinemia indireta decorre de um processo patológico (doença), podendo-se alcançar concentrações elevadas de bilirrubinas lesivas ao cérebro, instalando-se o quadro de encefalopatia bilirrubínica. O termo kernicterus é reservado à forma crônica da doença, com sequelas clínicas permanentes resultantes da toxicidade da bilirrubina.

As formas de terapia mais utilizadas no tratamento da hiperbilirrubinemia indireta compreendem a fototerapia e a exosanguineotransfusão.


Cuidados que a mamãe tem que tomar:

  • Manter-se calma;
  • Tirar todas as dúvidas com a equipe de saúde que está assistindo a mamãe e o bebê;
  • Aceitar apoio da família;
  • Começar a amamentar o mais cedo possível;
  • Verificar se a distância do bebê e da lâmpada são de no mínimo 30 cm;
  • Verificar de o olhinho está sempre tapado enquanto está com a lâmpada ligada;
  • A troca do protetor ocular deve ser diária;
  • Fixar  protetor de olhos com elástico ou outro material que não seja fita colante, para não machucar a pele do bebê;
  • Deixar o bebê só de fraldinha;
  • Lavar sempre as mãos antes de pegar o bebê;
  • Verificar sempre a temperatura do bebê, não pode estar frio e nem quente demais;
  • Mudar a posição do bebê a cada 3 horas, para que a luz pegue em todo corpinho;
  • A cor da urina pode estar mais escura devido efeito da fototerpia, não tem com que se preocupar;
  • Não tem problema nenhum de tirar o bebê para amamentar, tomar banho e trocar as fraldas;
  • Se seu bebê tiver diarréia, sinais de desidratação, a pele começar a ficar bronzeada ou vermelha demais, ou aparecer lesões, avise imediatamente a equipe de saúde e converse com o médico responsável.

E fiquem tranquilas mamães!!! Vai dar tudo certo!!! Beijinhos e até a próxima...


"Meu muito obrigada à leitora Schirlei Soares Bittencourt que colaborou com nosso post escrevendo sua história para nós... Beijos Schirlei e Clarinha!!!! "


"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece." João 3:36