02/12/2013

Desenvolvimento neuropsicomotor do bebê. Escrito pela fisioterapeuta Francielle Silvano Cardozo.


Olá leitores e leitoras do blog enfermãe!!!

Novamente a fisoterapeuta Francielle veio colaborar conosco com seus conhecimentos em relação ao desenvolvimento neuropsicomotor dos nossos bebês. E ela nos trouxe dicas essenciais para aprendermos!!!


Desenvolvimento Neuropsicomotor

Quando esses pequenos seres adentram nossos lares nós já não somos mais os mesmos, desde o ventre eles já operam profundas transformações em nosso ser. A mãe passa a ser muito mais instinto (sistema límbico), do que razão (neocortex) e o pai tenta compreender tudo sistemática e objetivamente, em vão. Há muito mais a sentir do que a entender.

E quando o bebê nasce um turbilhão de dúvidas, palpites, mitos, medos, incertezas assolam a nova família (e a cada filho que chega a família se torna uma nova família). Porque chora tanto? Será que é fome? Será que é dor? Será que é manha? Não quer sair do peito; não quer pegar o peito; não quer sair do colo; dorme demais, não dorme a noite... cólicas... refluxo...

E entre tantas perguntas e respostas detalhes passam despercebidos. E estamos aqui para falar sobre um deles: O desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM).


O DNPM do bebê vai depender da forma como o bebê é visto, principalmente pela mãe (ou quem exerce a função materna) que aproximadamente nos dois primeiros anos está emocionalmente fusionada a ele e lhe dá a referência do que ele mesmo é, depende também da forma como ele é tocado, manipulado e a quantidade e qualidade deste toque que precisa vir recheado com afeto e com o olhar materno amoroso.

O desenvolvimento do corpinho do bebê acontece em sentidos definidos, se inicia de cima para baixo, ou seja, da cabeça para os pés e do centro para a periferia, ou seja do meio do corpo para as extremidades (mãos e pés). E precisa ser assim, nesta ordem, sob o risco de graves deficiências motoras no futuro.

Ainda antes de obter o controle cervical, “firmar o pescocinho”, o bebê precisa aprender a “focar o olhar”, assim literalmente. Os bebês nascem com a visão turva, desfocada como no astigmatismo do adulto, e não por acaso ele consegue enxergar bem somente na distância de aproximadamente trinta centímetros, que é a distância do bico do seio aos olhos da mãe. Eles sentem-se muito atraídos pelos olhos humanos, buscam-os; por isso (e por muitos outros motivos já conhecidos) a amamentação precisa acontecer
em ambiente calmo, em livre demanda, e “olho no olho”, assim a musculatura ocular do bebê vai ganhando a capacidade de focar objetos cada vez mais distantes. Eles vêem poucas cores, distinguem o vermelho, azul, amarelo e verde. A qualidade dos primeiros dias de vida dos bebês é crucial neste sentido.

Quando nascem os bebês possuem um reflexo, chamado reflexo de extensão, que quando sentem uma pressão sob os pés eles ficam eretos, é muito comum ver pais impressionados dizendo: “que firmezinho, já quer ficar em pé, não gosta de ficar deitado!”, mas este reflexo desaparece por volta dos dois meses, e é importante que seja assim, este é o caminho do desenvolvimento motor normal.

Aí sim, firmam o pescocinho. Carregar o bebê de barriga para baixo com as mãos do cuidador sob o abdome do bebê com o rostinho virado para baixo favorece o fortalecimento desta musculatura, posicioná-lo de barriguinha para baixo sobre a cama também é uma excelente posição para que ele fortaleça toda a coluna vertebral e explore o ambiente (cuidado, dormir nesta posição é perigoso, ao dormir, sempre de barriga para cima).

Quando o controle do pescoço já está estabelecido o bebê começa a querer liberar os bracinhos debaixo do corpo para apoiar os cotovelos, de barriga para cima leva as mãos a boca e esta atividade é muito importante para o desenvolvimento neurológico, sob pena de severa lacuna cerebral caso seja impedida. O bebê começa a conhecer e identificar o próprio corpo e a sensibilidade na região da boca é muito grande, precisa receber estímulos com mordedores de diversas texturas. Lá pelo quarto mês, já tenta buscar objetos próximos com uma mãozinha e com seis meses esta função já está sendo executada com facilidade. É hora de adquirir um tapete de EVA, superfície macia, firme e isolante térmica para as peripécias do pequenino.

No quinto mês eles descobrem os pezinhos, levam-nos à boca, fazendo uma espécie de exercícios abdominais que os preparam para as etapas seguintes: rolar, a partir do quinto mês e sentar sem apoio, a partir do sexto.

Cada etapa deve ser incentivada e explorada ao máximo, quanto mais tempo o bebê se detiver em cada uma delas melhor será o desenvolvimento do seu corpo de adulto, sentar muito cedo, andar muito cedo pode não ser bom, visto que vários grupos musculares precisam estar trabalhados para que cada função possa ocorrer de forma madura, sem prejuízo futuro para a postura e motricidade fina.

Depois de rolar e sentar sem apoio nossa pessoinha começa a querer se deslocar, para eles é um ganho incrível de autonomia. O primeiro deslocamento é o “rastejamento militar”, a criança se arrasta com a barriguinha no chão, atividade que pode iniciar a partir do sétimo mês.

O engatinhar se inicia por volta do nono mês e é mais uma etapa fundamental, o bebê precisa do contato de quatro apoios com o chão, com a terra. Há um importante desenvolvimento da musculatura dos ombros e da coluna torácica que vão dar suporte à motricidade fina na idade escolar e à postura.Crianças que não tem boa motricidade fina, “letras feias”, falta de coordenação para atividades escolares, podem ter sofrido um déficit na fase do engatinhar.


O uso de andadores é absolutamente contra-indicado em qualquer fase, pois atrasa o desenvolvimento natural das etapas, até pulando etapas e ainda oferece risco de acidentes perigosos. Há países que proíbem o seu uso.

Não deve haver pressa para o desenvolvimento motor. O bebê não deve ser incentivado a andar cedo, essa necessidade virá naturalmente dele, ele sentirá quando estiver preparado. E para mães, pais e avós que estão aflitos porque seu bebê de um ano não anda, saibam, a caminhada pode estar estabelecida NORMALMENTE até os 18 meses da criança e a média de idade que os bebês começam a andar é de 16 meses, ou seja, bebês que andam sozinhos com um ano e três, quatro ou seis meses, podem ter uma motricidade global e fina, melhor que a dos que andaram com onze meses.

É importante conhecer as etapas normais do desenvolvimento motor para saber como estimular, ajudar, sem impedir o crescimento da criança e também para estar atentos a qualquer perturbação nesta ordem. A carteirinha da criança oferecida pelo governo contém estes e outros dados importantes a serem observados, tais como cuidados com amamentação, alimentação, linguagem...

Após engatinhar, o bebê vai passar a levantar-se apoiado em móveis e objetos, deslocar-se lateralmente nesta posição, liberar uma mão para alcançar objetos, agachar-se e por fim, andar, correr, pular, subir e descer escadas.


As dicas mais importantes para auxiliar os bebês no desenvolvimento motor são: olho no olho, muito colo, carregar em slings (observar a posição dos joelhos que deve ser sempre mais alta que o bumbum, sentado como um sapinho no carregador), massagens Shantala, Toque de Borboleta, carícias, carinhos e falar, conversar com o bebê sobre tudo, nomear objetos, avisar sobre o que se esta fazendo, nomear partes do corpo enquanto as toca no banho, nas massagens, explicar o que está ou irá acontecer em breve. Interagir e observar.

Os bebês demonstram de várias formas do que precisam e aos cuidadores cabe a tarefa de estar atentos e atender suas necessidades, mostrando-lhe um mundo acolhedor, capaz de suprir suas necessidades e tornar-lhe um adulto feliz.

Contato e comunicação são tão essenciais ao desenvolvimento da criança quanto o alimento, sob o risco de graves doenças físicas e mentais na falta de qualquer um destes itens.

E no mais, é curtir cada fase, que de tão curtas às vezes passam despercebidas e não voltam mais... Se bem vividas não deixam falta.




Bibliografia:



Forti-Bellani, Cláudia Diehl, and Luciana Vieira Castilho-Weinert. Desenvolvimento motor típico, desenvolvimento motor atípico e correlações na paralisia cerebral. Fisioterapia em Neurologia. Curitiba, PR: Omnipax(2011).
HALPERN, R. et al.Desenvolvimento neuropsicomotor aos 12 meses de idade em uma coorte de base populacional no Sul do Brasil: diferenciais conforme peso ao nascer e renda familiar. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 12(Supl.1):73-78, 1996
OLIVEIRA, Thelma de (Dra. Relva). O Livro da Maternagem:para mães, pais, cuidadores e doulas. São Paulo: Schoba, 2012.
VOLPI, J. H.; Volpi, S. M. Crescer é uma aventura! Desenvolvimento emocional segundo a psicologia corporal. Curitiba: Centro Reichiano, 2002.


Francielle Silvano Cardozo
Fisioterpeuta com formação em Uroginecologia
Sócia-Fundadora do Inanna Apoio Materno
franciellesc@gmail.com
inannaapoiomaterno@gmail.com
facebook: francielle Silvano Cardozo
facebook: inanna apoio materno
fone: 48 99099121


"Obrigada mais uma vez Francielle com a sua colaboração!!!
Bom, já me ajudou muito seus conhecimentos, acredito que ajudará muitas outras mamães também!!!
Parabésn pelo seu trabalho!!! Beijosssss..."