27/11/2013

PARTO HUMANIZADO. Escrito pela fisioterapeuta Francielle Silvano Cardozo e pela enfermeira Fernanada Cláudio do INANNA APOIO MATERNO.


Olá leitores e leitoras do blog enfermãe!!!

Voltei!!! Estive alguns dias ausente, pois estava me dedicando a um projeto profissional, que dentro em breve terei notícias boas para anunciar, se Deus quiser!!!

Mas nesses dias estive me comunicando com uma pessoa muito especial, que ainda só conheço virtualmente, a fisioterapeuta Francielle, que minha amiga Bruna Minotto me apresentou, para que juntas somássemos nossos esforços em prol da humanização da gestação, parto e puerpério!!!

Como a Fracielle me disse: um pouquinho só de consciência já pode fazer muito!!!

A Francielle, que é fisoterapeuta, e a Fernanda, que é enfermeira, trabalham no INANNA, que é uma empresa que presta serviços de orientação e apoio à gestação e maternidade e humanização de partos.

E elas contribuíram com esse material que fizeram para a escola de pais sobre parto humanizado.


PARTO HUMANIZADO:

Gestar, parir, maternar é a realidade das mulheres desde o início dos tempos, os corpos femininos foram lentamente esculpidos pela natureza para isto, no entanto estas tarefas tornaram-se desafiadoras nos tempos modernos. A gestação é fase de insegurança, conflitos conjugais e desconforto físico; parir é sinônimo de dor e medo e a maternagem é repleta de dúvidas, mitos e desafios que parecem insuperáveis.

A beleza e a riqueza que envolve estes momentos ficam relegadas a poesias e fotografias que servem de memória do que se sonhou.

Cabe nos perguntarmos onde homens e mulheres perderam o vínculo com o próprio corpo, com a própria existência, onde o parto natural deixou de ser natural e tornou-se loucura.

O Brasil possui um dos maiores índices de cesariana do mundo. A Organização Mundial de Saúde recomenda que as cesarianas não devam ultrapassar o limite de 15% do total de nascimentos, a partir desse percentual este tipo de parto já é considerado como um importante causador de morbidade e mortalidade materna. Em muitos municípios os partos cirúrgicos, tanto no atendimento público quanto privado ultrapassam 60% do total de partos.

A realidade obstétrica equivocada baseada mais em vantagens econômicas e aproveitamento de tempo do que no bem estar e saúde reais de mãe e bebês é denunciada por um alto índice de mortalidade materno infantil, falta de informação e conhecimento das mães e descontentamento com o atendimento, situações que pedem novas perspectivas e já apontam para a retomada ao parto natural, centrado na figura materna e assistido por profissionais qualificados para prestar um atendimento humanizado.

Um Parto Humanizado é aquele em que o ritmo da mãe e do bebê são respeitados. A assistência acontece de maneira que mantenha a identidade da mãe, respeite sua cultura e a torne protagonista do parto. Até uma cesariana pode ser humanizada, desde que seja realmente necessária. O parto humanizado tem o menor número de intervenções possíveis e todas as condutas dos profissionais que estão atendendo são baseadas em evidências científicas e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde, como liberdade para a parturiente escolher a melhor posição para parir, sem corte do períneo, clampeamento tardio do cordão e se possível entregar o bebê imediatamente para a mãe e deixá-lo com ela para iniciar a amamentação minutos após o nascimento.

Como uma importante estratégia para reduzir a mortalidade materna e diminuir os índices de cesarianas, o Ministério da Saúde está implantando em todo país a Rede Cegonha. Esta política de saúde inclui a construção de Casas de parto, Casas de Gestante, Centros de Parto Normal, leitos de UTI adulto e neonatal, além de melhorias desde o pré-natal e transporte das mães no dia do parto, tudo através do Sistema Único de Saúde, Criciúma e região já tem seu plano de ação aprovado e organiza o início das obras de implantação, prevendo o início das atividades para 2014/2015.

Uma modalidade de parto humanizado se destaca, é o parto domiciliar planejado, assistido por uma equipe especializada ou por uma enfermeira obstetra tem três vezes menos chance de complicação que um parto hospitalar, porém no Brasil este tipo de parto não é financiado pelo SUS. A OMS reconhece que este tipo de parto é o ideal, pois a parturiente se sente segura, os riscos de infecção são quase nulos e o bebê não fica exposto às rotinas e intervenções desnecessárias.



Uma das intervenções mais prejudiciais, e que é rotina nos hospitais, consiste no uso de ocitocina sintética para acelerar o trabalho de parto. De fato a ocitocina sintética torna os partos mais rápidos, mas também provoca contrações muito mais fortes e dolorosas. A indicação real da ocitocina sintética se dá em casos de parada na evolução do período de dilatação do trabalho parto, que pode ser verificada com o uso de uma ferramenta simples chamada partograma, que apesar de muito eficiente e também recomendada pela OMS é pouco utilizada. Já a ocitocina natural, que junto com outros hormônios produzidos na hora do parto, também é conhecida como o coquetel do amor. Além de estar envolvida no trabalho de parto, ela também é responsável pelo prazer sexual e tem propriedades analgésicas. Uma pesquisa atual constatou que os bebês nascidos de um parto em que a produção de ocitocina natural esteve presente tornam-se indivíduos mais seguros emocionalmente e com mais capacidade de amar.

Diferente do que a maioria das pessoas pensam o parto domiciliar é menos doloroso, a parturiente tem liberdade de movimento, recebe técnicas naturais de alívio da dor e se sente muito mais segura tornando-se ativa, protagonizando o próprio parto. Ela percebe a capacidade nata de seu corpo gerar um novo ser e isso lhe traz um empoderamento que levará para o resto de sua vida.


Sobre o parto da Milena, que foi o primeiro parto domiciliar planejado ocorrido em Criciúma/SC, “quando as pessoas dizem que sou corajosa respondo que não é um caso de coragem, mas sim de informação e preparo. E quanto à dor, não tomei nenhum tipo de remédio alopático nem durante nem após o parto e posso dizer que é inevitável sentir algum tipo de dor, porém sofrer é opcional. Eu não sofri, vivenciei cada sensação do meu parto com muita felicidade e gratidão e posso dizer que até senti muito prazer, principalmente quando senti o corpinho da minha filha passando pelo canal”.

Num parto domiciliar todas as precauções de segurança são tomadas. A equipe especializada (composta por enfermeiras obstetras ou obstetrizes) iniciam um acompanhamento de pré-natal complementar ao do médico obstetra a partir do início do terceiro trimestre e no momento do parto desloca para o domicílio com todos os equipamentos necessários para suporte de vida e reanimação neonatal e adulto. Existe uma recomendação de que o domicílio deve ficar no máximo trinta minutos de um hospital de referência e sempre fica um médico obstetra de sobreaviso em caso de necessidade de transferência por alguma complicação e indicação de cesareana.

Para uma gestante ter seu bebê em casa ela deve ter uma gestação de baixo risco e o pré-natal deve indicar excelentes condições de saúde da mãe e do bebê.

As mulheres que tiverem interesse em ter seus bebês em casa devem procurar se informar em fontes científicas e seguras, buscar apoio em grupos de gestantes e contratar uma equipe especializada.


Como principais benefícios do parto domiciliar para a dupla mãe-bebê podemos citar:

* Menor risco de infecção e hemorragias;

* Melhor consolidação da amamentação;

* Maior vínculo entre mãe e filho e pai e filho;

* O clampeamento tardio do cordão permite que o bebê receba todo o sangue rico em ferro e hemoglobina da placenta prevenindo anemias e outras doenças do sangue;

* A mulher vivência o parto como um lindo ritual de empoderamento, reduzindo também a ocorrência de depressão pós-parto.

É importante que as mulheres se informem, busquem fontes seguras, profissionais especializados e ouçam sua própria intuição a respeito de como querem levar sua gestação, sua maternidade e que tipo de parto é mais benéfico, mais seguro e mais indicado.

Sabe-se que o momento do nascimento pode ser crucial na vida de um ser humano e quanto mais natural, mais preparado e amoroso for esse momento, tão maior será a felicidade dos indivíduos envolvidos, seja a mãe, o pai, e o próprio bebê.



REFERÊNCIAS:



OLIVEIRA, Thelma de (Dra. Relva). O Livro da Maternagem:para mães, pais, cuidadores e doulas. São Paulo: Schoba, 2012.
VOLPI, J. H.; Volpi, S. M. Crescer é uma aventura! Desenvolvimento emocional segundo a psicologia corporal. Curitiba: Centro Reichiano, 2002.
GUTMAN, L. A maternidade e o encontro com a própria sombra: o resgate do relacionamento entre mães e filhos. São Paulo: BestSeller, 2010. 319 p.

LEBOYER, Frederick. Nascer sorrindo. Brasiliense, 1992.




Francielle Silvano Cardozo
Fisioterpeuta com formação em Uroginecologia
Sócia-Fundadora do Inanna Apoio Materno 
franciellesc@gmail.com


Fernanada Cláudio
Enfermeira
Sócia-Fundadora do Inanna Apoio Materno 
fernanda.clau82@hotmail.com

facebook: Francielle Silvano Cardozo
facebook: Fernanda Claudio
facebook: inanna apoio materno

Telefone: 48 99099121. Criciúma-SC-Brasil.
inannaapoiomaterno@gmail.com


"Quero agradecer a colaboração da Francielle e da Fernanda que disponibilizaram esse texto. Espero que em breve possamos nos conhecer pessoalmente!! Já considero vocês nossas parceiras aqui do blog.  Lindo o trabalho de vocês. Quero ter a oportunidade ainda de ir à Criciúma para conhecer mais de perto...
Voltem sempre que puderem... Obrigada e um beijão..."