07/08/2013

Porque amamentar??? Escrito pela Profª Drª Letícia Carina Ribeiro da Silva.

E para fechar com chave de ouro a SEMANA MUNDIAL DO ALEITAMENTO MATERNO, um texto escrito pela Profª Drª da UFSC, Letícia Carina Ribeiro da Silva, nossa nutrimãe, parceira e minha amiga do coração!!!



Por que amamentar?

Olá pessoal, mais uma vez estou por aqui!!  Hoje destaco a Semana Mundial da Amamentação de 2013, que acontece do dia 01/08 até 07/08, portanto este post comemora o encerramento de mais essa grande mobilização mundial para o incentivo do aleitamento materno.

Vivemos em um dia-a-dia tão agitado, recebemos informações a todo momento sobre os mais diversos assuntos e muitas vezes ficamos confusas para organizar nossas próprias idéias e conceitos. Então eu faço com uma pergunta: Por que amamentar?

Por que existe esta grande mobilização nos diferentes países a fim de resgatar o ato de amamentar? Será que vale mesmo a pena? Na minha condição de “Nutrimãe” (nutricionista e mãe), posso dizer que SIM!! VALE MUITO A PENA!!! Amamentei a minha filha durante 1 ano e 2 meses, e afirmo com certeza que esta foi uma das melhores coisas que eu podia ter feito por ela, e também por mim!!

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aleitamento materno deve ser exclusivo até o final dos 6 meses de idade da criança, podendo se estender até 2 anos ou mais de maneira complementar aos outros alimentos. Não é necessário dar água, chás ou outros líquidos durante o período do aleitamento exclusivo. O leite materno fornece a quantidade de líquidos necessários à criança. Fique tranquila, seu bebê não sentirá sede, nem mesmo nos dias mais quentes, e assim você e seu bebê poderão disfrutar plenamente de todas as vantagens e benefícios desse grande ato de amor.



Quais são as vantagens?

Vou relacionar algumas das inúmeras vantagens do aleitamento materno:

1)      O leite materno é o alimento mais completo para a criança. Por se tratar de um alimento espécie-específico, ou seja, o leite humano é para humanos ao passo que o leite bovino (vaca) é para bovinos, ele é especialmente e naturalmente formulado para as necessidades dos bebês humanos. Assim, toda a composição química (carboidratos, proteínas, lipídeos, vitaminas e minerais) atende às necessidades da criança e possui alterações nas estruturas destes compostos, afim de que eles sejam melhores absorvidos e utilizados pelo organismo dos bebês. Além disso, o teor dessas substâncias vai se modificando de acordo com o crescimento e desenvolvimento da criança, se adaptando assim às alterações das necessidades nutricionais de cada fase do bebê, por exemplo: nos primeiros dias o leite materno (colostro) tem a função de promover a imunidade do recém-nascido, e o conteúdo de anticorpos (defesas) são maiores; depois dessa etapa, o leite materno se modifica para promover o crescimento do bebê, para isso o teor de carboidratos, proteínas e lipídeos aumenta para fornecer energia. Acho isso o máximo!! Nenhuma fórmula láctea infantil tem essa capacidade!! A natureza é mesmo perfeita! Sem falar no teor dos nutrientes essenciais (são chamados assim porque nosso organismo não pode produzi-los) como é o caso do ácido graxo ômega 3, que é fundamental para o desenvolvimento adequado do sistema nervoso central dos bebês: estudos sugerem que crianças que mamam no peito são mais inteligentes!

2)      O leite materno evita mortalidade infantil. Graças aos inúmeros compostos existentes no leite materno que protegem contra infecções, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis (JONES et al., 2003). Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças menores de 5 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef, em torno de seis milhões de vidas de crianças estão sendo salvas a cada ano por causa do aumento das taxas de amamentação exclusiva. O leite materno confere proteção principalmente às doenças do trato gastrintestinal (principalmente diarreias) e respiratórias, que são justamente as doenças mais comuns nessa idade, e também as maiores responsáveis pela mortalidade infantil.

3)      O leite materno diminui o risco de alergias. A amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma. Assim, retardar a introdução de outros alimentos na dieta da criança pode prevenir o aparecimento de alergias, principalmente naquelas com histórico familiar positivo para essas doenças. A exposição do bebê a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. Por isso é importante evitar o uso desnecessário de fórmulas lácteas nas maternidades.

4)      O leite materno diminui o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto e diabetes na vida adulta. A OMS publicou importante revisão sobre evidências desse efeito a longo prazo do aleitamento materno: indivíduos amamentados apresentaram pressão arterial mais baixa, níveis menores de colesterol total e risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2 na idade adulta. Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mulher que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de amamentação.

5)      O leite materno reduz a chance de desenvolver obesidade. A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de 3 anos e tipo de alimentação no início da vida constatou menor frequência de sobrepeso/obesidade em crianças que haviam sido amamentadas. Os indivíduos amamentados tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar sobrepeso/obesidade a longo prazo. É possível também que haja uma relação com a duração do aleitamento materno, ou seja, quanto maior o tempo em que a criança foi amamentada, menor será a chance de ela vir a apresentar sobrepeso/obesidade. Isso se dá em função de que as crianças que mamam no peito desenvolvem de maneira mais adequada o controle da fome e saciedade, isto tem um impacto positivo na “programação metabólica” dos pequenos, evitando o surgimento da obesidade no futuro.

6)      Criança que mama tem melhor desenvolvimento da cavidade bucal. O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para o desenvolvimento adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor formação do palato duro (céu da boca), o que é fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. Quando o palato é empurrado para cima, o que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras, o assoalho da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do espaço reservado para a passagem do ar, prejudicando a respiração nasal. Assim, o desmame precoce pode prejudicar o desenvolvimento motor-oral adequado, podendo alterar as funções de mastigação, deglutição (engolir), respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora-oral.

7)      Amamentar protege a mulher contra o câncer de mama. Já está bem estabelecida a associação entre aleitamento materno e redução na prevalência de câncer de mama em mulheres. Estima-se que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração de amamentação. Essa proteção acontece independentemente da idade, etnia, número de filhos e presença ou não de menopausa.

8)      Amamentar pode ser um método contraceptivo. A amamentação pode ser um método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto, pois retarda a retomada das ovulações. Mas fique atenta, pois para que isso seja efetivo, duas situações são necessárias: 1) que a mãe esteja amamentando exclusivamente no peito (não pode dar nada para a criança além do leite materno) e 2) ainda não tenha menstruado. Se uma das duas situações não ocorrer, o método falha e possibilita nova gestação. Muito cuidado com essa informação hein meninas!! Antes de pensar em testar o método é sempre bom consultar o ginecologista para não ter nenhuma surpresa.

9)      Amamentar gera menos custos financeiros. Não amamentar pode significar sacrifícios para uma família com pouca renda, já que o gasto médio mensal com a compra de leite para alimentar um bebê nos primeiros seis meses de vida pode comprometer boa parte do orçamento familiar. Além do gasto com os leites ou fórmulas infantis, devem-se acrescentar custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas. Além disso, o leite materno está sempre pronto para oferecer ao bebê (dispensa o preparo), na temperatura certa e facilita a mobilidade materna. Por não necessitar de preparo, como a mamadeira, diminui o risco de contaminação por manipulação inadequada, preservando a saúde dos pequenos.

10)   Amamentar promove o vínculo afetivo entre mães e bebês, e promove o bom desenvolvimento biopsicossocial da criança. A amamentação traz benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. Uma amamentação prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e filho certamente fortalecem os laços afetivos entre eles, oportunizando intimidade, troca de afeto e sentimentos de segurança e de proteção na criança e de autoconfiança e de realização na mulher. Amamentação é uma forma muito especial de comunicação entre a mãe e o bebê e uma oportunidade de a criança aprender muito cedo a se comunicar com afeto e confiança. Sabiam que a distância estabelecida entre os olhares da mãe e do bebê no momento da amamentação permite que o bebê, que ainda não enxerga muito bem ao nascer, visualize com nitidez a face materna? Lindo né?

Portanto, o aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, uma vez que as crianças amamentadas adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e situações estressantes. Além disso, quando a amamentação é bem sucedida, mães e crianças podem estar mais felizes, com repercussão nas relações familiares e, consequentemente, na qualidade de vida dessas famílias.

A partir de agora, se alguém lhe der um único motivo para não amamentar, você já pode dar pelo menos 10 motivos provando o contrário!!! VIVA A AMAMENTAÇÃO!!

Prof.ª Dr.ª Letícia Carina Ribeiro da Silva.
Departamento de Nutrição/UFSC.
“Nutrimãe” – Nutricionista (CRN10 3594) e Mãe.



O Senhor Deus me disse: 
“Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir; 
eu vou guia-lo e orientá-lo” 
(Bíblia Sagrada – Salmos 32:8)




"Amiga, mais uma vez muito obrigada!!!!
Sou cada vez mais sua fã!!!!
Te amooooo... Beijinhos, Va."