01/08/2013

"Os dentinhos estão nascendo, e agora?" Escrito pela cirurgiã-dentista Monique Freiberger Fernandes.



     Olá leitores (as) do blog Enfermãe! Meu nome é Monique Freiberger Fernandes, sou cirurgiã-dentista, especialista em Implantodontia e prima da Vanessa, a Enfermãe. Sou a mamãe orgulhosa desse menino da foto,  o Vítor, de 1 ano e meio, que tem pai e mãe dentistas! Então, neste quesito estamos bem resolvidos.  No entanto,  já precisei recorrer a internet diversas vezes para tirar várias dúvidas sobre assuntos diversos. Por isso, é com muita satisfação que hoje estou contribuindo na área de meu conhecimento para acrescentar informações ao blog e possivelmente tirar dúvidas de algumas mamães sobre o nascimento dos primeiros dentinhos.

    Antes de mais nada, é necessário saber a cronologia de erupção dos dentes decíduos (de leite). Sabendo certinho a época que cada um nasce, já ficamos preparadas e quando aparecerem os primeiros sintomas, já conseguimos associar com o nascimento dos dentes.

       Os primeiros dentinhos a aparecerem na arcada dentária quase sempre são os incisivos centrais inferiores. Eles começam a surgir por volta dos 6 meses de idade, porém, pequenos atrasos ou adiantamentos são totalmente normais, o primeiro dente do Vítor veio com 8 meses, e a mamãe dentista ansiosa esperando... Em alguns casos os bebês podem ter dentes bem antes ou até nascer com algum dente, neste caso é muito importante consultar um dentista para verificar se o dente é de leite ou um dente natal ou neo natal (um dente antes do decíduo, que requer cuidados e orientação profissional).


     Na sequência, nascem os incisivos centrais e laterais superiores (10 meses), depois os laterias inferiores (11 meses), os primeiros molares inferiores e superiores (12 meses), os caninos (18 meses) e por último, os segundos molares inferiores e superiores (24 meses). Mais uma vez,  variações no período de erupção dos dentes são completamente normais, esses números são apenas uma referência. Caso o dente esteja demorando muito além da referência para aparecer,é interessante consultar um dentista e se for o caso, fazer uma radiografia para ter certeza que o dente está presente e na posição correta.


       Em alguns casos, o dente pode não nascer e no local surgir um hematoma ou inchaço. São os chamados cistos de erupção. Esses casos requerem atenção profissional pois causam muita dor e desconforto ao bebê. Um procedimento feito pelo dentista drena o líquido que está causando o inchaço e abre passagem para o dente nascer. Este procedimento chama-se ulectomia.  

  
  Como saber se é o dente nascendo?

     Primeiro de tudo, saber se está na época de nascer já é uma boa dica. Depois, observar o bebê. Geralmente o bebê fica com a mão na boca bastante tempo, choroso, irritado, em alguns casos até colocam o dedinho em cima do local onde dói. Não querem mamar ou tomar mamadeira pois a dor tira o apetite e o próprio contato no local causa desconforto. Pode ocorrer febre baixa, diarréia e salivação excessiva. É bom eliminar as causas mais óbvias primeiro, por exemplo, a irritação pode ser a fralda suja, fome, sono... Se o bebê está limpinho, alimentado e sem sono, e mesmo assim continua chorando e irritado, podemos suspeitar que seja o dentinho nascendo. 






   Ao colocar o dedo na gengiva do bebê, muitas vezes conseguimos sentir a região mais endurecida, e as vezes nota-se até uma área esbranquiçada, ou um risquinho branco (como na foto), sinal que o dente já está quase rompendo a gengiva, o que causa agonia tanto para o bebê como para os pais.



  É o dente nascendo! E agora? O que fazer?

   Chegamos a conclusão que é o dentinho que está nascendo, ótimo! Agora vamos aos cuidados.

     Uma pergunta frequente em consultório é em relação ao medicamento Nenê Dent, um gel para passar na gengiva irritada do bebê. Esse gel basicamente é composto por dois tipos de anestésico e um componente antiinflamatório. Pois bem, pediatras NÃO indicam esse gel pois o bebê pode engolir um pouco, o que anestesia a garganta e pode causar engasgos. Dentistas TAMBÉM NÃO indicam esse gel pelo mesmo motivo. Além disso, apesar da baixa toxicidade dos anestésicos tópicos, para um bebezinho é melhor evitar qualquer produto tóxico não é mesmo?


     Os cuidados devem ser paliativos. Em caso de febre e diarreia é bom consultar o pediatra para descartar outras causas. Se a causa realmente for o nascimento dos dentes, a administração de analgésico pode ser útil para febre e muita hidratação em caso de diarreia. Vale lembrar que não se deve aplicar nenhum medicamento ou qualquer produto sobre a gengiva! No consultório as mães falam que aplicaram medicamentos ou misturas caseiras direto na gengiva, isso não se faz ok?

      Em relação ao mordedores, podem ser muito úteis nessa fase. É angustiante ver o bebê querendo coçar a gengiva  e não poder ajudar. No meu caso, meu filho não queria mordedores, atirava longe. Então, eu dava meu dedo para ele morder! Dobrava o indicador e deixava ele morder a dobra do dedo, ele gostava, mordia com força e eu adorava! Não dói nada e é muito boa a sensação de poder ajudá-lo naquele momento. Para os bebês que gostam de morder os brinquedos, é bom colocar o mordedor no congelador por uns 5 minutos, pois o frio anestesia de forma natural e alivia a inflamação. Existe uma infinidade de modelos de mordedores. Os de silicone são mais maleáveis e seguros. Os de plástico podem ser duros demais e acabar machucando, caso o bebê morda com muita força.


     Na hora da higiene bucal, seja ela com dedal ou escovinha, dá pra massagear a gengiva no local da dor, bem de levinho. O que queremos é que a gengiva abra para que o dente possa sair, então se o bebê deixar, uma massagem na região pode ser muito útil. Se ele não deixar você fazer, dê a escova ou o dedal para que ele mesmo morda da maneira que quiser.


     Deixar o bebê morder algum alimento mais duro e gelado também pode ser bom, como por exemplo , tirinhas de cenoura crua. Já ouvi sobre mães que fizeram picolé de leite materno! Nessas horas temos que ter criatividade!


     Em alguns momentos ficamos mais angustiadas do que nossos filhos, sem saber o que fazer, sentindo dó e querendo ajudar. Nos momentos de irritação, após todos os cuidados serem feitos, é bom distrair o bebê com coisas que ele goste, pode ser um desenho, um brinquedo, dar um banho gostoso, cantar uma música, ninar... Fazê-lo sentir-se amado e protegido, e saber que tudo são fases... Se nos desesperarmos passamos o estresse pro bebê e só piora a situação. Dúvidas são comuns, toda mãe tem!  Se você está lendo esse post é uma prova que é uma ótima mãe ou pai, que se importa com o bem estar do seu pequeno e quer o melhor para ele. Qualquer dúvida coloco-me a disposição no meu email moniqueff001@hotmail.com.
     
     Espero ter ajudado, agradeço a Vanessa pelo convite para escrever este post, sempre que precisar estou às ordens!
     
     Grande beijo!


Um sorriso do meu bebê , meu amor, minha inspiração, minha razão de viver, 
meu VÍTOR!

Monique Freiberger Fernandes
Formada em Odontologia pela Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC.
Especialista em Implantodontia.


"Nica, eu adoreeeei... 
Quer ver a parte do picolé de leite, achei o máximo, nunca tinha ouvido falar nisso antes de ler seu post!!! Tirei várias dúvidas por aqui, muito esclarecedor mesmo...
Muuuuuito obrigada pela prontidão e pelo carinho... 
Beijinhossss em você e no Vítor."